Eu honro essa menininha… Ela era feita de dança. Disseram que era desengonçada.
Ela era feita de canto. Disseram que era desafinada.
Ela era feita de música. Disseram que piano é pros ricos e pra violão não tinha ritmo.
Ela queria ser ventania. Disseram que acomodasse seus sentimentos.
Ela queria usar batom rosa choque. Disseram que era boca de puta.
Ela queria usar roupa curta, decote e salto alto. Disseram que era vagabunda.
Ela queria sentir os prazeres. Disseram que eram proibidos.
Ela queria amar e ser amada. Disseram que isso é pra poucas.
Ela queria falar pro mundo ouvir. Disseram que não era adequado.
Quando foi abusada, aceitou que era culpada. Silenciou… Quando foi abandonada, aceitou que não era das “poucas”. Sofreu… Quando pariu e sofreu violência obstétrica, aceitou que é assim que funciona. Sentiu dores profundas… Quando foi traída, aceitou que merecia. Não perdoou, mas seguiu… Essa menininha entendeu que ser mulher era isso… Os discursos podem ser mais violentos do que os ataques físicos. Não deixam marcas aparentes, deixam marcas na alma… Nos impedem de ser quem nascemos para ser… Irmã, seja a mulher que você queria ter por perto quando era criança 😉
A cura dessa menininha é a cura de todas as mulheres 🦋